Uma singela pesquisa para entender a importância de diversificar a leitura e como ela muda o olhar sobre a vida. Até o começo do século XX a maioria dos livros eram escritos por homens, então a representatividade feminina era baseada no olhar que esses homens tem da mulher. Em grande parte desses livros a mulher está associada à loucura e à morte (li Dostoiévski recentemente e apesar de ter amado o livro com toda a minha alma não pude deixar de notar essa especificidade). A mulher que lia esse livro, por não ter uma outra espécie de representação, aceitava aquele papel. E essa é uma visão que ainda temos em muitos dos comentários machistas que circulam por aí... Algo semelhante acontece no racismo e na representatividade das diversas minorias. Uma menina que cresce tendo ao seu redor bonecas que reproduzem um estereótipo vão em busca disso na vida adulta (e aí você considere todas as implicações e infelicidade que isso traz). Essa restrição da literatura a personagens homens, brancos e de classe média só repetem essa cultura da opressão. E os movimentos de diversificar a leitura acontecem nesse sentido, enxergar além, perceber que existem outras realidades e outras pessoas que devem ser representadas.
Literatura como tudo na vida é um ato político. Você não lê apenas o que você quer, você lê o que chega até seus olhos. Dizer que não tem sentido mexer e questionar esses padrões é a mesma coisa que dizer: está tudo bem, nada precisa mudar! E essa pesquisa nos mostra que muita coisa precisa mudar!